As varizes são uma das mais frequentes e problemáticas patologias vasculares, pelo que se observa um número crescente de cirurgias corretivas por ano em Portugal. O seu tratamento cirúrgico já demonstrou em diversos estudos nacionais e internacionais estar associado a uma melhoria significativa não só da estética da perna como na qualidade de vida global e no risco de trombose venosa associada. Sendo a doença venosa uma patologia com evolução crónica, é espectável que um número significativo de pessoas desenvolva de novo a doença mesmo após cirurgia prévia. Os dados mais recentes apontam para uma taxa de recidiva a rondar os 30% aos 5 anos, percentagem essa que é similar nos diferentes países avaliados.
O primeiro passo na avaliação do doente com recorrência de varizes foca-se na tentativa de perceber a causa subjacente da mesma. Existem, no geral, 4 grupos a identificar:
A causa pode também ser multifatorial, havendo um contributo variável de diversos dos fatores supracitados. A correta caracterização da recidiva de varizes é apenas possível com realização de um exame físico cuidadoso, seguido da execução de um ecodoppler venoso detalhado e minucioso. Este exame deve ser realizado por um cirurgião vascular com experiência em ecografia, capaz de focar o exame na procura da causa subjacente para a recorrência das varizes. Após correta caracterização da doença, é necessário escolher o melhor tratamento disponível. Esta decisão deve ser individualizada para cada situação, tendo por base a anatomia das varizes e o risco clínico do doente. Temos atualmente disponível um conjunto diversificado de abordagens, que vão desde o tratamento endovascular por laser, radiofrequência ou espuma, até à extração de varizes por microcirurgia. Dada a maior complexidade anatómica da patologia em pessoas com recidiva, é muitas vezes benéfica a associação de diferentes metodologias no mesmo tempo cirúrgico, com vista a tratar de forma eficaz a origem da doença.
Todos estes métodos primam por ser minimamente invasivos, podendo ser realizados em regime de ambulatório (sem necessidade de internamento), com rápido retorno às atividades diárias usuais. A ideia disseminada da necessidade de períodos prolongados de repouso, com o membro coberto de ligaduras e o desenvolvimento de extensos hematomas após a cirurgia de varizes é errada e totalmente descontextualizada com os atuais métodos envolvidos no seu tratamento.
A recidiva de varizes tem por isso tratamento eficaz, minimamente invasivo e com rápida recuperação após a cirurgia. Para uma abordagem bem-sucedida é essencial uma meticulosa caracterização por ecodoppler, seguida de uma escolha individualizada dos métodos cirúrgicos a integrar no seu tratamento.